Iniciativa
Transformando a partir da educação
Professoras do Colégio Municipal Pelotense buscam uma educação sem estereótipos
Jô Folha -
Com o objetivo de promover uma educação menos excludente, duas professoras do Curso Normal (antigo Magistério) do Colégio Municipal Pelotense estão incluindo discussões sobre gênero e sexualidade em suas aulas. A missão de formar professores aptos a não reproduzir estereótipos machistas é o que motiva as docentes Lourdes Helena dos Santos e Gisane Campos a promover palestras, seminários e debates com seus alunos.
Gisane e Lourdes são responsáveis por supervisionar o estágio dos normalistas. Nesta tarefa, perceberam que os futuros professores estavam tendo algumas atitudes machistas com seus alunos como, por exemplo, separar atividades para meninos e para meninas. A partir disso, sentiram a necessidade de incluir temas como identidade de gênero, feminismo e homofobia nas aulas. Porém, não tinham base teórica para debater as temáticas. Passaram, então, a buscar por livros e eventos que discutissem os assuntos.
Mudando conceitos
Depois de meses de pesquisas, as duas professoras montaram um grupo de estudos com algumas alunas interessadas no tema. Ravini Meiato, do 1º ano do Curso Normal, é uma das integrantes. Ela afirma que vai levar os conhecimentos adquiridos às futuras práticas em sala de aula com seus alunos. Gisane diz que o objetivo é exatamente esse. "Queremos mudar os conceitos para que isso reflita na prática", pontua. Lourdes Helena lembra que o machismo está em pequenas ações do dia a dia como, por exemplo, quando os meninos não deixam as meninas jogarem futebol nas aulas de educação física. "Situações de bullying também são muito comuns", completa.
Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (FaE/UFPel), Analisa Zorzi afirma que a escola, desde a educação infantil, deve incentivar o respeito ao outro. Além disso, mitos e preconceitos em relação a gênero e homossexualidade podem ser desconstruídos em sala de aula. Segundo ela, ações práticas tomadas pela escola são mais eficazes nas Séries Iniciais do que um ensino mais teórico. Não dividir brinquedos e brincadeiras entre meninos e meninas pode ser uma boa iniciativa para problematizar os papéis sociais relacionados a mulheres e homens, avalia.
Em nível municipal já existem ações para debater questões de gênero nas escolas. Uma delas é o projeto Desconstruindo Padrões e Respeitando a Diversidade, realizado com alunos do 1º ao 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Francisco Carúccio, no Pestano. Segundo a diretora de ensino da Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed), Loreni Peverada, o primeiro tema a ser debatido é a violência doméstica. Os professores estão sendo capacitados por meio de encontros com especialistas. Entre elas, está Diná Bandeira, ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, além de orientadoras da Smed. Ainda de acordo com Loreni, as crianças terão acesso às temáticas através de brincadeiras e pequenas ações que buscam desconstruir o machismo presente no cotidiano.
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